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O primeiro sinal de Jesus: As núpcias messiânicas
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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O evangelho de João do segundo domingo do Tempo Comum está situado na parte do quarto evangelho denominado “livro dos sinais”. O relato é, no dizer do narrador, o “princípio dos sinais, o que nos leva a compreender que o sinal de Caná é um evento fundador. Trata-se de uma narração simbólica: ela torna presente algo diferente do que é imediatamente dito e que lhe serve de expressão. Neste relato, o símbolo é mais importante do que a materialidade dos fatos.

A idéia central que se quer apresentar é o cumprimento  por Jesus da promessa do Antigo Testamento de abundância de vinho nos tempos messiânicos.

Jesus e seus discípulos são convidados para uma festa de casamento. A mãe de Jesus também estava lá.

Falar de festa de bodas é evocar não só a Aliança passada, mas a nova, em Jesus, de cuja plenitude todos receberam graças e mais graças. A festa humana das bodas serve, na tradição bíblica, de metáfora para a Aliança de Deus com o seu povo. O vinho é dom de Deus para a  alegria das pessoas e sinal de prosperidade.

Em Caná, o vinho oferecido por Jesus é superior ao vinho servido primeiro. Graças à ação de Jesus, a Aliança atinge a perfeição. Por detrás das palavras da mãe de Jesus, está Israel, o povo de Deus, que confia na intervenção divina, espera e vê a promessa de salvação realizada. O termo “mulher” evoca Sião, representada na Bíblia com traços de uma mulher, de uma mãe.

Como no relato a noiva não aparece, é a mãe de Jesus que representa  Sião, cujo esposo é Deus.

Em razão de sua cor, o vinho era tido como o sangue da vinha. É por isto que ele se tornou, como o sangue, símbolo da vida.

“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”, diz o Senhor.

Cabe a nós encher as talhas simbólicas de nossa vida, com nossos problemas, nossos acertos e desacertos, enchermos essas talhas com a água de nossa fé para que, também nós, recebamos o bom vinho e saibamos distribuir este vinho da alegria e oferecer a Deus e aos irmãos, esta vida que é dom divino.

 
 
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