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Vigilantes, no Temor do Senhor!
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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“Mortem tuam annutiamus Domine, et tuam ressurrectionem confitemur, donec vênias”.

“Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição, vinde Senhor Jesus!”.

Esta aclamação que fazemos em cada Eucaristia após a Consagração das espécies recebe um sentido especial neste Primeiro Domingo do Advento, quando lemos e escutamos os versículos 25-28 do Capítulo 21 do Evangelho de Lucas. Eis a aclamação por excelência de quem é vigilante. Proclamo a morte e a ressurreição, espero com toda a confiança pela vinda gloriosa d’Aquele que se encarnou por nosso amor e por mim, inteiramente por mim, morreu e ressuscitou.

Como se encontra hoje, entre nós cristãos, a vivência desta vigilância, desta esperança na encarnação do Filho de Deus? Como esperamos a vinda gloriosa do Senhor para nos julgar, naquele momento crucial de nossa morte? Tê-la sempre presente diante dos olhos é esperar pela vinda gloriosa do Cristo.

E quem crê e espera não tem ilusões, sabe mais, bem mais do que os jornais e os noticiários da Televisão, pois espera confiantemente, por detrás das crises, das guerras genocidas, dos escândalos injustos, da maldade perpetrada com crueldade e dolo, por algo Novo, Grande, por Alguém que Foi, É e Será a Plenitude do Mundo e o Sentido para nossas vidas.

Este estado de expectativa genuíno que o Advento nos comunica, que nos dá de presente, e que celebramos neste Primeiro Domingo do Ano Litúrgico chamado “C”, “Donec venias” (até que Ele venha), realiza em nós, através da ação litúrgica, a Verdade do Reino que deve ser por todos nós construído, em nossas vidas.

Por isso o Apóstolo Paulo, na Segunda Leitura da Eucaristia deste Domingo(Cf 1Ts 3,12-4,2) nos convida a crescermos juntos com vontade, com seriedade, sem limites. A fé em Cristo se articula na força do amor.

O cristão só vive à luz do Deus que se faz continuamente presente em sua vida, em sua história. Ele sabe que seu dia-a-dia é precioso e seu futuro não está pronto. Para lá caminha, construindo-o no presente, em cada ação, em cada minuto, em cada instante, onde Deus se encontra.

“In conspectu angelorum psallam tibi”. (Cf. Os 137)

“Na presença dos anjos salmodiarei ao Senhor”. (Cf. Sl. 136).

Sim, agir sempre com os olhos fixos no céu é viver o temor, (TIMOR DOMINI), é ser humilde como o foi o próprio Deus, encarnando-se no seio da Virgem Maria e nascendo inteiramente pobre, despojado, mostrando-no, assim, como devem ser nossos Natais.

A Palavra que se fez carne no silêncio e na humildade de Maria deve ser a nossa Palavra feita ação através do nosso amor por Deus e por nossos irmãos.

Só assim cantaremos e viveremos a aclamação que fazemos em cada Eucaristia e, especialmente, nesta do Primeiro Domingo do Advento: “Mortem tuam annuntiamus Domine, et tuam ressurrectionem confitemur, donec venias”.



 
 
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